quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Malfeito sobre malfeito

     Lula não é acusado de mentir sobre a propriedade do apartamento (todo mundo sabe que é dele, mas isto é outra história). A acusação é que as reformas são fruto de propina da Petrobrás. E além de não haver prova (no sentido jurídico) nem da posse do apartamento - o que dizer da propriedade - Moro diz que não afirma que o imóvel e suas benfeitorias são frutos destes contratos da estatal com a OAS. 

     Quem o confessa é Léo Pinheiro. Um delator informal, que ganhou o semi- aberto depois de entregar Lula. É sua palavra - e o contexto (sic) - o que vincula o triplex à propina da Petrobrás. É muito perigoso aceitar sem maiores aprofundamento que a prova de que há corrupção é não existir prova. E que não tem importância que a denúncia tenha sido ignorada porque - afinal, todos sabemos que Lula é o chefão da quadrilha (e é). 

     Por que Moro não juntou o triplex e o sítio? Queria ver Lula negar a posse de seu recanto de Atibaia. Morou lá, construiu casa para seus seguranças, botou cisne no lago, foi 130 vezes, por aí. O triplex? Ora, ele não morou, não usufruiu, não tem papel no nome dele, a OAS tem a propriedade formal, a Justiça do DF penhorou num processo da empreiteira. 

     Mesmo com todas as visitas, reformas e depoimentos de engenheiro, porteiro e executivos falando que era para Lula, ele pode dizer que não é dele. Porque pode. Se o armazenamento do acervo - uma grana! - foi um mimo legal (trocadilho bonitinho) da OAS a Lula, o apartamento do Guarujá também poderia ser. Como afirmava Léo Pinheiro nas quatro ou cinco tentativas (recusadas) de delação premiada do empreiteiro. 

     Sergio Moro deveria ter ouvido Vaccari sobre sua versão do acerto de contas. Ele negaria. Mas ficaria uma palavra contra a outra. A palavra que valeu foi a de Renato Duque. Então, 'tá. Lula deveria ter sido condenado exemplarmente num processo impecável em que fosse respeitado o devido processo legal. Não foi.

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