sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Ser(es)

  Os defensores dos bichos, e todos aqueles que são contrários ao consumo de carne e uso de peles, couro e outros componentes animais para a fabricação de vestuário, calçados e cosméticos falam muito em 'natureza' mas, em geral, a desconhecem.

      A bem da verdade, ninguém conseguiu até hoje estabelecer de forma clara o que seja 'natureza'. Cada ciência a define a seu modo. Apesar da dificuldade
é de natureza que vamos falar. Comecemos pela princípio: a experiência ensina que não cometerá pecado de heresia aquele que afirmar que todos os seres vivos se diferenciam pelo fim a que objetivam e todo ser na natureza é ordenado ao melhor, à realização da perfeição. 
    
     Fique claro: ontologicamente, todo ser é completo, nenhum é 'mais ser' que o outro. O uso do termo 'mais ser' aqui é licença poética, deve ser entendido sempre como 'mais perfeição ou dignidade'Com esta ressalva, podemos afirmar que os seres brutos são os que tem menos 'ser', eles tem apenas constituição. (Por ora, deixemos à parte o reino mineral, os chamados seres brutos)

  
  Tratemos do reino dos seres vivos, os vegetais e os animais. A planta realiza duas operações: uma, a de nutrição, retirando da terra e do ar as substâncias minerais para a sua conservação e outra, a de reprodução. Reprodução é superior à nutrição, essa exige mais complexidade e perfeiçao. A reprodução engloba e pressupõe a nutrição. 

      Num vegetal, o máximo de 'perfeição de ser' que ele pode aspirar é reproduzir-se. Para um alface, melhor que ser um alface é ser dois. É o máximo de perfeição e de 'ser' que o vegetal alcança.

    
      Os animais são mais perfeitos que os vegetais; os animais, neste sentido, tem mais 'ser', mais funções, porque - além da nutrição e reprodução - eles têm percepção sensorial. O mundo vegetal é imóvel, frio, silencioso, oposto ao dos animais. 

      A reprodução animal é subordinada à percepção, aos sentidos. O animal só se reproduz quando isto lhe parece agradável. A própria natureza deu-lhe mecanismos de atração (o cio, com seus odores e seduções, vide pavões)
   

      O homem, além da reprodução e da percepção, tem a sua vida ordenada à inteligência. Há mais 'ser' no homem que no animal. Há mais perfeição nele que nos outros seres vivos. Na natureza, o menos é ordenado ao mais. No caso da reprodução, por exemplo: o homem não se acasala, ele escolhe a sua companheira por critérios racionais, afetivos, sociais, intelectuais.
   
      Mesmo quando o homem alega que faz sexo para satisfazer seus instintos decretados biologicamente, ele impõem-se restrições e tabus aceitos e estabelecidos pela sociedade (incesto, pedofilia, necrofilia etc).
      

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