domingo, 8 de junho de 2014

Non mi piace. Estou fora.

      A quem serve esta pergunta aberrante e tosca 'VOCÊ TERIA CORAGEM DE SE SUBMETER AOS CUIDADOS DE UM MÉDICO JUDEU?'. 
Não venham sacar Talmud/Tenach (non sono intenditore), é inaceitável e insensata em si mesma a formulação da pergunta. Ou estamos a discutir uma abstração, só para passar o tempo? 


      Quem cuida de minha família (meu marido tem sangue árabe, é neto de sírios cristãos) são os médicos do Hospital Israelita Albert Einstein. O oncologista Sergio Simon e o neuropediatra Saul Cypel são alguns dos médicos judeus que trataram de nós. Dois anjos.
     O Einstein mantém há muitos anos, na favela de Paraisópolis, aqui no Morumbi, uma unidade que atende à população local, gratuitamente, com os mesmos médicos que trabalham no hospital-sede. O atendimento é de excelência. Coisa de judeu.
       Assim, como se pode dizer de meu marido que é 'árabe', eu posso dizer de vários amigos meus que são 'judeus'. São 'judeus' não porque pratiquem o judaísmo (alguns o fazem), mas porque tem ascendência judia, hábitos e práticas culturais associadas ao povo judeu, comidas, nomes e sobrenomes, biotipo de judeu. A sua história conta-se sempre em referência aos 'judeus'. Ninguém os confunde com 'japoneses'.
      Querem falar de máfia sionista? Nenhum problema. Mas tem de falar como se fala da Yakuza. A Yakuza é a máfia japonesa, não é o Japão, nem os japoneses.
      Esta artimanha de misturar, sem esclarecer muito, o judaísmo talmúdico com o judeu (etnia) beira à má-fé. Non mi piace.

2 comentários:

  1. Mirian Macedo,

    encontrei em suas palavras a expressão de coisas que eu sinto. Grata mesmo.
    Como em toda família boa, há a ovelha negra, como na minha: sou eu. Insisto em não me enquadrar em nada, e, por isso, minha vida é difícil.
    Alegra-me o fato de você expressar também em italiano.
    Pretendo iniciar um curso para me comunicar com minha irmã italiana, você conhece o curso da escola "Monte Bianco"?

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