segunda-feira, 19 de maio de 2014

Olavo de Carvalho mente

                                       (Ver em '1:17:00' Olavo repetindo a história sobre os bispos/Coomaraswamy).
      
      "Olavo é, acima de tudo, um homem sincero." 
Em agosto de 2013, eu escrevi esta frase porque acreditava nela. Eu (ainda) não sabia que Olavo de Carvalho mentia. Foi o que ele fez, quando tratou de se defender e esclarecer as informações divulgadas pelos irmãos Velascos sobre sua passagem pela tariqa de Frithjof Schuon. 


      Não é muito interessante que o homem que defende a filosofia moral, que diz que a filosofia é o homem, e que nomeia a sua própria como 'da consciência, da confissão, da sinceridade', saia mentindo descaradamente quando tratou de explicar o imbroglio tariqueiro? 


      Para provar que não precisou se converter ao Islam e que nunca renegou a fé católica - no tempo em que pertenceu à tariqa de Schuon, que seria multiconfessional -, Olavo de Carvalho voltou a citar o exemplo do católico ortodoxo (usado aqui em sentido de 'fiel à sã doutrina'), Rama Coomaraswamy, seu colega na tariqa. 

      E repetiu, no hangout com Thomas Giulliano, a história de que quatro bispos da Fraternidade S. Pio X teriam sido alunos de Coomaraswamy antes de serem ordenados por Monsenhor Lefebvre. Olavo voltou a contar o que Rama Coomaraswamy ter-lhe-ia revelado: que ele, Rama, foi professor de teologia dos quatro bispos (ele agora diz a Giulliano que são dois; uai, por que a metade?), e que, portanto, a tariga de Frithjof Schuon infiltrou-se ideologicamente no seminário, com repercussão na crise dos tradicionalistas com o Vaticano. 


      Mas Olavo sabe que a conversa de Coomaraswamy é mentira. Que Rama tenha mesmo lhe contado esta história, só Olavo sabe. Concedamos que ele contou. Acontece que Olavo de Carvalho sabe que isto é mentira, os quatro bispos foram ordenados muito antes que Rama desse aulas (não de teologia, e sim de história) no seminário, de onde inclusive ele (Rama) foi expulso. 


      E tem comentário de Olavo de Carvalho, num True Outspeak de 16/06/2008, indicando que ele conhecia o desmentido desta história de Coomaraswamy, feito por um padre ordenado por Dom Lefebvre, dom Lourenço, da revista Permanência. 


PS: Ironia é ler o próprio Olavo de Carvalho confessando no Orkut, tempos atrás, a inconspurcável e sólida ortodoxia católica de Coomaraswamy:"A relação entre as Tariqas e seus simpatizantes e colaboradores não-islâmicos é exatamente essa. Eles conservam exteriormente a lealdade à sua igreja cristã de origem, ao mesmo tempo que, espiritualmente, se submetem à orientação de um sheikh islâmico em todas as questões espirituais substantivas e colaboram com a estratégia geral do sheikh sem jamais questiona-la, precisamente porque sentem que ela preserva a pureza do seu compromisso religioso pessoal. (...) qualquer discípulo católico de Guénon ou Schuon é infinitamente mais leal a eles do que ao Papa. A atuação de Rama Coomaraswammy ilustra isso da maneira mais patente" .

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(artigo de Dom Lourenço na Revista Permanência, abaixo)


A Fraternidade São Pio X e os Esotéricos

 

Como foi difundido na internet que os quatro bispos da Fraternidade São Pio X teriam sido levados ao seminário por um esotérico islâmico, chamado Rama Coomaraswamy, discípulo de Frithjof Schuon, damos aqui os esclarecimentos devidos, que não deixam sombra de dúvidas.
A Fraternidade S. Pio X e os esotéricos 
Não é a primeira vez que o Olavo de Carvalho dirige elogios à nossa Permanência, o que muito nos honra. Repetiu-se o fato, recentemente, numa de suas emissões pela internet ao declarar equivocadamente, que o prof. Antônio Araújo, que mantém o blog do Angueth (http://angueth.blogspot.com/) pertence ao nosso movimento. O próprio autor citado tratou de esclarecer, com o texto "Quem sou eu", de 10/6, que não é assim, apesar dos pontos em comum que encontramos no combate. Acontece que em sua emissão de áudio, Olavo voltou a afirmar certos relacionamentos entre autores esotéricos e islâmicos e a Fraternidade Sacerdotal São Pio X. Como a coisa ganhou certa importância, pareceu-me necessário esclarecer alguns pontos do debate. Mesmo não sendo da Fraternidade S. Pio X, convivi e convivo ainda hoje com os padres e com os bispos desta instituição católica. Dois dos padres tradicionais saídos da Permanência foram ordenados por Mons. Lefebvre (Dom Tomás de Aquino e eu mesmo). Os outros seis foram ordenados pelos bispos sagrados por Mons Lefebvre. Além disso, a Permanência está engajada neste combate há quarenta anos, tendo certa experiência no assunto. Por isso tudo, sinto-me à vontade para trazer a público as seguintes correções:


Olavo afirma na sua emissão de áudio do dia 9 de junho, aos 34:50 da gravação:
"Eu vou dizer: aqueles quatro padres que foram sagrados bispos pelo Mons. Lefebvre, foram alunos do professor Rama Coomaraswamy"
Esta afirmação é falsa no que toca os quatro bispos. Nenhum deles foi aluno de Coomaraswamy. Este senhor lecionou no Seminário da FSSPX dos EUA por 5 anos, de 1978 até 1983, quando Mons. Lefebreve o expulsou. Não lecionou teologia católica, como afirma o Olavo, mas história. Neste ano de 1983, nove padres recém-ordenados neste Seminário abandonaram a Fraternidade para fundar um movimento sede-vacantista. Estes novos padres que traíram a orientação de Mons. Lefebvre, eles sim, foram alunos de Coomaraswamy. Quanto aos bispos:
Dom Tissier ligou-se a FSSPX em 1969: nove anos antes de Rama C. surgir como professor. E sua formação foi em Êcone, não na América do Norte. Após formar-se, fez-se professor, depois sub-diretor e, finalmente, diretor do seminário de Ecône, na Suiça.

Dom Galarretta entrou no seminário em 1975, antes de Rama C. surgir como professor. Estudou no seminário de Ecône, e não nos EUA, onde lecionou Rama C.

Dom Fellay, o atual Superior Geral, formou-se também em Êcone. Entrou no seminário em 1977, antes, portanto, de R.C. começar a dar aulas nos EUA.

Dom Williamson ordenou-se padre em Êcone em 1976 e lá começou a lecionar, até ser promovido a sub-diretor e, finalmente, em 1983, diretor do seminário Saint Thomas Aquinas. Ora, D. Willianson tornou-se reitor justamente no ano da expulsão de R.C. e da saída do seminário dos diversos padres que adotaram as idéias sedevacantistas.
Olavo continua:
"Eles botaram lá esses quatro e foram justamente esses quatro que Mons. Lefebvre sagrou, criando uma enorme crise na Igreja."
O que ficou dito acima já mostra o infundado desta afirmação. Além disso é preciso lembrar que não há sinal algum de influência do pensamento guenoniano, schuoniano ou coomaraswamyano nos bispos. Quem seria capaz de mencionar um só sinal de influência? A Tradição é, aliás, grande rival desses pensadores esotéricos. Diante de uma afirmação tão absurda e grave, telefonei para Dom Galarretta que me confirmou nunca ter conhecido este senhor. De onde Olavo teria tirado tal afirmação?
A resposta a esta questão é apresentada pelo próprio Olavo, mas ele parece não perceber:
"E o que dizia o Rama Coomaraswamy? Ele disse para mim isso aqui: «Mons. Lefebvre é um idiota, mas trabalha para nós». Eu sou testemunha pessoal disso aí. Você pode duvidar do meu testemunho, mas eu sei o que ouvi, eu assino em baixo. Eu ouvi o cara dizer isso, ele confirmou que os caras eram alunos deles, foram preparados por ele e foram mandados lá para o Mons. Lefebvre como uma espécie de bomba de efeito retardado".
Ora, eu não tenho razão para duvidar do Olavo. Acredito piamente que Rama Coomaraswamy disse tal asneira e tal ofensa. Mas não há nada nesse mundo que me faça dar crédito às palavras torpes desse senhor que é definido pelo próprio Olavo como um dúbio e traidor:
"o Rama Coomaraswamy, sob outros aspectos um grande sujeito, tinha dupla identidade: quer dizer, era professor de teologia católica num seminário, mas estava inteiramente submetido à orientação espiritual de um sheik muçulmano. Concordava em tudo."
O que o Olavo está afirmando é que o sujeito é um pulha! Sob outros aspectos (não revelados pelo Olavo) ele era um grande sujeito (na opinião do Olavo), mas nesse caso da Fraternidade ele é um pulha, um canalha, ao qual, evidentemente, não se pode dar crédito, visto que ele fingia ser uma coisa e era outra. E o que está subentendido na afirmação do Olavo eu confirmo, lembrando que ele conduziu nove seminaristas a trairem seu Superior no dia seguinte da Ordenação Sacerdotal, o que é papel de falsidade e traição. O que mais me surpreende é o Olavo perceber isso e continuar dando crédito a ele, a ponto de lançar ao público sem maiores precauções, uma afirmação falsa e gravíssima, que vem denegrir, de modo injusto e gratuito, a obra de Mons. Lefebvre. Isso, partindo do Olavo, me surpreende, porque o Olavo não é burro!
Nota: Os católicos fiéis à Tradição, longe de abrigar pensamentos esotéricos e islamizantes, os repudia vigorosamente. Vide os trabalhos de Jean Vaquié ou os artigos de Antoine de Motreff publicados na excelente Sel de la Terre e reunidos no livro "René Guénon jugé par la tradition". Vide ainda o trabalho em que o dominicano Pe. Pierre-Marie, O.P. desmonta as teses sede-vacantistas caras a Rama Coomaraswamy:
D. Williamson trabalhou pessoalmente na tradução desse trabalho para o inglês. Há ainda um livro contra J. Evola prefaciado por D. Tissier.

http://permanencia.org.br/drupal/node/1912


https://web.archive.org/web/20120630091041/http://angueth.blogspot.com/2008/06/ren-gunon-e-monsenhor-lefebvre.html

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