quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Religião: todas ou nenhuma


          É claro que  que cabe mais de uma interpretação à frase. Eu optei por uma delas, a que exige que sejam ensinadas todas as religiões ou, então, não se fala em nenhuma.

          Ora, isto é impossível, até porque há um equívoco sobre o que é 'religião'. Hoje, por ignorância strictu sensu ou má-fé, qualquer crença em qualquer coisa é 'religião'. Calma lá, não é bem assim. 

          Outra coisa: o Estado é laico, a sociedade não. Laicidade do Estado é a garantia do direito à profissão de qualquer credo. Não significa que o Estado pode e deve desconhecer e afrontar a fé da maioria de sua população. 

          Segundo IBGE (2010), dos 200 milhões de habitantes no Brasil, 174 milhões são cristãos (católicos e evangélicos). Correspondem a 87%. Logo abaixo estão os espíritas ('religião' que só cresce no Brasil; na França, terra de Kardec, ninguém lhe dá a menor bola), com 3,8 mihões, o que não chega a 2% da população. Religiões de matriz africanas (candomblé, umbanda etc) são 0,3 da população, com menos de 600 mil pessoas que as professam. 

          Mesmos em escolas públicas (já que em escolas religiosas se pressupõe que haja ensino de religião), se fosse oferecida aula de religião (facultativa), isto não seria um abuso, visto que a medida iria ao encontro da necessidade e desejo da maioria dos pais e dos próprios alunos. Eu acredito que cristãos não iriam proibir os filhos de assistir aulas de religião e de aprender a história e os fundamentos do cristianismo na escola. 

          Nem eu proibiria meus filhos (ainda que eu, na época em que meus filhos eram pequenos, estivesse afastada da Igreja e não professasse qualquer fé. Se fosse hoje, eu permitiria e agradeceria).

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