terça-feira, 24 de maio de 2011

Erva danadinha

     No Brasil, é crime fazer a apologia de drogas e a Constituição garante a liberdade de expressão. As frases "maconha é uma delícia" e "legalize já, uma erva natural não pode te prejudicar" é apologia da droga ou liberdade de expressão? Com'on! 
      Se são as duas coisas, uma delas é crime, o juiz proibiu, a polícia reprimiu. Querer que, numa manifestação proibida pela lei onde a polícia vai para reprimir, as coisas sejam na base do 'por favor', é cinismo. Pela lei, o Estado tem o monopólio da violência, e, quando precisa, tem de ser usada. Maconheiro tem de parar de pensar que só ele é sabido. "Ah, agora, é ato pela liberdade de expressão". Então, tá.
     Claro que não se pode esperar sentado e se deve lutar pela revogação de leis equivocadas. Mas defender a idéia besta de que toda manifestação pacífica é válida? Que dizer que se  formos para a rua pacífica e ordeiramente defender que os judeus sejam mandados para os fornos crematórios, belê? Quem sabe, também podemos defender pacificamente o assalto à mão armada, a pedofilia (esta não deve demorar a ser legalizada no país, espere). 
      O fato de existir quem cometa crime só prova que há impunidade. Sobre este ideal romântico de maconheiros agricultores de subsistência, difícil imaginar maconheiro esperando a safra caseira vingar: planta, colhe, seca, dichava e fuma? Lorota. Em qualquer lugar, maconha está dando sopa, baratinho. É só estender a mão e cai um fino prontinho para fazer a cabeça. 
Se alguém é capaz de dispensar o produto 'industrial' - por ser mercadoria do narcotráfico (pelo que entendi, todos dizem que se recusam a isto) -  a pessoa não precisa fumar maconha e nem de plantação caseira.Já teria dispensado este ato de coragem tão original que é fumar maconha. Ninguém tem todo este trabalhão, toda esta espera para fumar um baseado! Só se proporcionasse experiência mística, iluminação búdica ou orgasmo cósmico. Para ficar xarope, escornado, rindo de otário, sem vontade, lerdo? Vixe. 
     Maconha funciona assim( todos o sabemos): quando 'bate', nós nos tornamos geniais, sacamos coisa que ninguém sacou, nosso humor fica tinindo, nos tornamos pessoas espirituosas, cheias das frases engraçadas e criativas. Ah, é? Escreve um texto doidão e relê quando estiveres careta. É cesta página, bicho. É lixo. E quanto mais tora, quanto mais narguilé, e quanto mais chábon, mais o efeito vai embora rápido. 
Eu fumei uma mata atlântica da erva danadinha, até os 30 anos. E durante muitos anos, eventualmente, para manter a velha chama transgressora, dava um ou outro 'tapinha'. Mentia para mim dizendo que eu fumava porque queria, se quisesse não fumava. Mentira.
      Aquela fumaça besta é o diabo, difícil de largar como quê. Era fácil juntar as duas coisas: de um lado, continuar fumando para manter a pose de 'eu não me rendo', e continuar a cometer transgressão pela transgressão; de outro lado, não ter que vencer o que é, sim, um vício. 
Só tomei vergonha na cara quando descobri que era cúmplice de Fernandinho Beira Mar e das Farc, e era responsável pelos filhos dos pobres que iam para a cadeia para eu manter minha diversão burguesa, a salvo da polícia, e se quisesse, até com delivery.
      Jererê ,diamba, peyote , ayauasca sempre existiram, para uso ritual de pajés, pais-de-santo,xamãs e feiticeiros. Depois, pequenos grupos marginais e excêntricos (artistas, dândis) passaram a consumir ópio, cocaína e mescalina. Mas sociedade nenhuma, em tempo algum, experimentou ou permitiu o uso indiscriminado e em larga escala da droga, como se quer hoje em dia. 
      Não é intrigante que o comunista Mao tenha estatizado e implantado o consumo do ópio, que os moralistas talibãs controlem a heróina e as revolucionárias Farc's sejam os donos da cocaína no mundo?

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