sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Vão para Cuba!

             Jornalista é quem sabe a pergunta, não a resposta. Exigir diploma para jornalista é o mesmo que obrigar escola a formar poeta ou filósofo. Isto não existe. A universidade pode formar professores de Jornalismo, de Letras e de Filosofia, mas não pode ensinar a ser jornalista. Este tem de saber escrever e perguntar. Só. Quem quiser fazer Faculdade de Comunicação faz.     
     Eu, por exemplo, entrei em 1972 na Faculdade de Comunicação/UnB. Um ano depois, pedi transferência para o curso de Ciências Sociais (Antropologia) e fazia matérias em diversos cursos, inclusive Comunicação. Em 1975, abandonei a universidade e comecei a trabalhar em jornal. Só voltei, em 1980, para me formar.
    Viver, em geral, não é fácil, mas a vida para jornalistas nunca foi tão fácil quanto agora. A informatização facilitou a nossa vida incomparavelmente, em relação à situação tecnológica anterior. Jornalista ganha bem, em comparação a profissões que exigem longa preparação acadêmica e especialização técnica, como medicina e engenharia. Quanto a querer trabalhar cinco horas, um médico sai do hospital ou do consultório e vai para casa estudar para a cirurgia do dia seguinte. Toda profissão é assim. Por que jornalista acha que o trabalho dele é mais estressante?
    O que há são milhares de jornalistas com diploma, despejados no mercado a cada ano e que acabam rebaixando salários e precarizando as condições de trabalho. A esmagadora maioria é de analfabetos funcionais, gente que não liga o sujeito ao verbo e não distingue uma opinião da descrição de um fato. Pois é. É agenda da esquerda a tal 'democratização do ensino superior', como se isto não fosse uma contradição em termos.
    Quem disse que todo mundo tem que entrar numa faculdade? Ensino superior é para quem quer estudar e para quem pode (no sentido intelectual da possibilidade). Ensino superior tem que ser para poucos (eu disse para poucos, não para ricos). Efeito irradiante. O mundo está cheio de moças e rapazes endinheirados e de moças e rapazes pobres que não dão a menor importância ao saber. Qualquer um dos dois que entrar numa universidade pública é dinheiro de quem paga imposto rasgado e jogado no lixo.
    O Estado tem que garimpar na escola pública os alunos pobres que querem estudar e dar-lhes condições, bolsas e sustento para isto. Com a escola vagabunda que há no Brasil, pública e privada, este demagogismo da 'universidade para todos' só leva ao rebaixamento da já degradada universidade brasileira. Prouni é dinheiro público enchendo os bolsos de donos de 'lojinhas de ensino'. Por causa desta picaretagem, um analfabeto bestalhão imoral como Lula é santificado pela maioria dos jornalistas, que vê na condenação da ignorância um preconceito contra o o povo.
     Uns dizem que, com a oferta abundante de mão-de-obra jovem e barata no mercado, 'os sobreviventes do jornalismo refugiaram-se no magistério ou no serviço público'. Isto é 'menas' verdade. Já na época da ditadura, muitos 'coleguinhas' em Brasília tinham suas prebendas nos escritórios dos governos estaduais, (da Arena, o partido dos generais ditadores), nos ministérios e órgãos públicos. Só iam buscar o dinheiro no fim do mês.

     Eu posso contar. No início de 1977, uma amiga jornalista deu-me a notícia: um amigo comum (alto assessor do Ministério da Justiça e professor influente da Universidade de Brasília) tinha arrumado - sem eu pedir - um emprego para mim no Departamento de Direito da UnB. Cargo de 'supervisor B 1'. Eu não tinha idéia do que fosse. 
     Bastava levar os documentos, a carteira profissional, a contratação era imediata. O salário era igual ao que eu recebia como repórter do jornal O Globo, que pagava muito bem. De um dia para o outro, eu tinha dobrado o meu salário, isto é que era boa notícia.
     Mas a coisa era ainda melhor do que parecia. Não tinha ninguém para controlar a minha freqüencia. Eu deveria aparecer lá no departamento pela manhã, sentar numa escrivaninha, e sei lá, organizar um armário ou separar papéis em pastas. Eu não sabia distinguir entre redação técnica de um ofício e de um requerimento. Eu não sabia nem mesmo datilografar, repórter, em geral, é 'catilógrafo'. Eu sou.
    A verdade é que aquilo era emprego, não era trabalho. No primeiro mês, eu ainda fiz jogo de cena. Depois, comecei a aparecer por lá cada vez menos. Quando eu aparecia não tinha o que fazer. E eu ainda tinha que acordar cedo. Ora, toda noite, depois do jornal, eu ia para festas, gostava de dançar, adorava a noite. 
   O pior foi ouvir o 'direitista' Paes Landim, que dirigia o Departamento de Direito e era amigo do reitor da UnB, o capitão de mar-e-guerra, José Carlos de Almeida Azevedo, dizer num grupo, referindo-se a mim: "Esta é gente nossa". Eu, uma comunista, de esquerda, que era contra a ditadura?! Era demais.
   Não durou dois meses, larguei o emprego. Nem o terceiro salário eu fui buscar. Até hoje, tenho a anotação na carteira de trabalho, sem baixa. Quando contei a amigos que tinha largado a 'boca', ninguém acreditou. Mas o que a maioria não entendia é que eu abri mão daquela grana. Ora, era só ir buscar o dinheiro no fim do mês, eu não era a única que fazia isto. Eu, hem? Caí fora.
   (Dá outro post contar a farra de jornalistas com viagens e hospedagem em hotéis de luxo, às custas da cota de passagens de parlamentares (da Arena, de preferência) e mordomias de órgãos e governos estaduais. Eu mesma passei um feriado de rainha em Olinda e Recife, nos 'anos de chumbo' (sic))    
     Se era assim na época da ditadura, imaginem o que aconteceu depois: todos os cargos nos serviços de comunicação social, assessoria de imprensa e relações públicas do Executivo, Legislativo, Judiciário, ministérios e autarquias foram ocupados 'pelas vítimas dos anos de chumbo'. Isto é o que Millor quis dizer com a frase "Eles não estavam fazendo revolução, estavam fazendo investimento". Isto não é sobrevivência, é vidão. Todos nós sabemos quanto ganham os coleguinhas na Câmara e Senado e adjacências. Tudo gente de esquerda. Comunista gosta é de emprego público.
    Este papo de exigir diploma para jornalista é para a manutenção das madrassas em que se transformaram as faculdades de Comunicação. É para a formação de militantes, de gentinha de esquerda que entope as redações vomitando os clichês anticapitalistas e anti-cristãos de quem nunca leu três livros na vida(livro de frei Boff e frei Betto e de Chico Buarque não vale).

   Hoje, os 'resistentes e os que sofreram nos porões da ditaduras' na luta pelas liberdades democráticas aplaudem os arreganhos petistas contra a própria imprensa. Só para ficar em dois exemplos: um ex-presidente do Sindicato de Jornalistas do DF quer um Conselho de Comunicação, o outro nome da censura! E um doublè de professor da UnB e âncora da TV Câmara escreveu um artigo  mostrando como Franklin Martins é mal-compreendido e tão bonzinho. Quase chorei.   
     O dono das Organizações Globo, Roberto Marinho, foi trouxa. Protegeu, empregou no jornal e na televisão e pagou regiamente todos os comunistas do Brasil (including me), na época da ditadura. Agora, a cambada esquerdopata quer acabar com a Globo.
Ora, vão para Cuba!

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